EMBRAPA E VÁRIAS UNIVERSIDADES MONITORAM OS RECURSOS HÍDRICOS NOS BIOMAS DO BRASIL



O monitoramento e caracterização qualiquantitativa dos recursos hídricos e sua relação com o uso da terra em bacias experimentais nos diferentes biomas brasileiros estão sendo realizados por equipe de pesquisadores da Embrapa e de várias Universidades. 

O projeto de pesquisa é desenvolvido junto à Rede Agrohidro, coordenado pela Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), que visa atender a demanda por conhecimento dos recursos hídricos e sua relação com a agricultura nos seis biomas brasileiros: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Semiárido, Mata Atlântica e Pampa.

Para Ricardo Figueiredo, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), “isso permite que o projeto esteja presente em grande parte do território brasileiro, gerando resultados de grande relevância para a tomada de decisão no que tange ao gerenciamento dos recursos hídricos, com destaque para o setor agrícola, entendendo-se "agrícola" no sentido genérico do termo, que é referente ao conjunto das atividades agrícola, pecuária, pesca e de extração vegetal”.

São 16 Unidades da Embrapa agregando 55 pesquisadores a frente desse esforço, em parceria com 12 universidades por meio da colaboração de 22 pesquisadores.

Conforme Figueiredo, “o recorte espacial em bacias hidrográficas foi adotado devido à possibilidade de avaliar com maior precisão o reflexo do uso e cobertura da terra em suas águas fluviais. A categorização dessas bacias foi definida em dois níveis para efeito da pesquisa: Bacias Experimentais e Bacias Representativas”.

As Bacias Experimentais são aquelas equipadas com instrumentos de medição contínua para avaliar-se os diversos parâmetros de qualidade e quantidade de água em tantos anos hidrológicos quanto possíveis. Essa é uma estratégia essencial para o entendimento dos fluxos e processos hidrológicos ligados aos fluxos dos materiais presentes nas bacias (nutrientes, carbono, contaminantes e outros) associados ao uso agrícola.

Já as Bacias Representativas são alvo de estudos a serem desenvolvidos a partir de dados secundários, apresentando como característica uma ocupação agrícola importante em lugar do bioma original. Essa estratégia permite observar-se a magnitude das alterações ocorridas nas águas fluviais em decorrência dos diferentes tipos de uso da terra e identificar práticas conservacionistas nos sistemas de produção com potencial de mitigação dos impactos indesejados sobre os recursos hídricos.

A caracterização de aspectos da paisagem são fundamentais para a fase de análise dos dados de qualidade e quantidade do recurso hídrico. Dessa maneira, cada bacia é caracterizada quanto a geologia, topografia, tipos de solo, rede de drenagem, vegetação original e mudanças no uso e cobertura da terra. “Para isso, explica Figueiredo, levantamentos de campo e dados georreferenciados preexistentes relacionados a esses temas, serão processados por meio de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto visando avaliar o papel do tipo uso e cobertura da terra e aspectos fisiográficos das bacias nos recursos hídricos. Dados primários relativos à quantidade e qualidade da água obtidos em projetos anteriores para as mesmas bacias de estudo serão também utilizados e inseridos na base de dados deste projeto”.

A mensuração das vazões fluviais será realizada ao lado de outras quantificações relacionadas ao ciclo hidrológico (precipitação, evapotranspiração, infiltração, recarga de estoques subterrâneos e escoamento superficial). Para avaliar a qualidade da água nas bacias de estudo serão realizadas atividades de campo para coleta de amostras de águas fluviais e análises in situ, assim como atividades em laboratório, onde serão determinadas características químicas e físico-químicas da água coletada por meio de diversas técnicas químicas analíticas. Dessa maneira, esse monitoramento proporcionará uma melhor compreensão do real impacto do uso e manejo agropecuário na promoção dos serviços ambientais hídricos.

“Além disso, acrescenta Figueiredo, o conhecimento das condições de qualidade e quantidade de água nas bacias agrícolas estudadas alimentarão a base de dados necessária para a formulação de modelos matemáticos, dentro da Rede AgroHidro, que poderão prever possíveis alterações indesejáveis que atividades agropecuárias possam estar ocasionando no estado natural dos recursos hídricos. E essa base de dados contribuirá também para suprir a carência de dados hidrológicos em nosso país".

A partir desse entendimento, a gestão ambiental de bacias poderá ser formulada e executada de maneira a evitar-se o dano previsto e assim direcionar a formulação de políticas públicas com a participação dos diversos setores da sociedade e embasar a adoção de boas práticas agropecuárias e de sistemas de produção sustentáveis no meio rural.

Em abril, a equipe desse projeto se reuniu em workshop onde foram tratados temas relacionados à gestão administrativa e técnico-científica, levantamento de dados pretéritos e sua sistematização, definição das bacias a serem monitoradas e metodologias para sua caracterização física, definição das variáveis hidrológicas e hidrogeoquímicas a serem monitoradas e seus respectivos métodos de análise e o potencial de algumas metodologias de síntese, visando relacionar a dinâmica de uso e cobertura da terra e os recursos hídricos, bem como formas de aplicação dos resultados.

Havendo sido alcançado os objetivos, ponderou-se entre os líderes dos planos de ação, os pesquisadores Júlio Palhares (Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), Pedro Gerhard (Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), Rachel Prado (Embraá Solos, RJ) e Ricardo Figueiredo, que o principal resultado foi o fortalecimento da integração das equipes, assim como o estabelecimento de um marco do início das atividades de pesquisa.

Cristina Tordin (cristina.tordin@embrapa.br)
Jornalista, MTB 28499
Embrapa Meio Ambiente
19.3311.2608


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