MOSQUEIRO: SALINIZAÇÃO DAS ÁGUAS ESTUARINAS!
Baia do Maraj |
A ilha de Mosqueiro
localiza-se no estuário amazônico, mais precisamente na baía do Marajó, que
compreende a região mais próxima do oceano e recebe toda a descarga do rio
Tocantins, outros pequenos afluentes do
rio Amazonas. Assim, apesar de possuir
praias de água doce, sofre uma variação de salinidade nos meses de setembro a
dezembro, em decorrência do período de estiagem.
Habitação ribeirinha (Gravura: Projeto MEGAM-UFPA) |
A
salinidade nesta baía é bastante variável: de 0 a 0,5 (*) no período chuvoso e
acima de 2 no período seco, podendo chegar a 10 na sua foz. Devido a este fator
ambiental, há ocorrência de abundância em biomassa e número das espécies de
peixes de importância comercial. Os fatores determinantes da elevada riqueza e
diversidade da presente área podem ser explicados pelas flutuações nos valores
da salinidade que favorece a transição
de espécies de água doce e marinha e a presença de um complexo insular de ilhas
que margeiam toda a área, oferecendo grande disponibilidade de alimento e diversidade
de habitat.
Ambiente de mangue no estuário |
O valor econômico e a
função ecológica dos estuários estão relacionados ao conjunto das variáveis
físicas, químicas e biológicas e a importância do uso pela ictiofauna como
áreas de proteção de juvenis e berçário, refúgio para adultos em reprodução
e diversidade de alimentos.
No período seco, o aumento da salinidade
ocasiona a invasão de espécies marinhas na área aumentando a abundância de
recursos disponíveis para a pesca comercial.
Siri-azul em ambiente de praia com águas salobras |
Adicionalmente, o mesmo aumento na
salinidade faz com que ocorra a deposição de sedimento modificando a coloração
da água para esverdeada, aumentando a zona eufótica e consequentemente à
proliferação de fitoplâncton, base da cadeia trófica. Logo conclui-se que no
período seco, a farta oferta de alimento, concentração de muitas espécies em
uma menor porção de água destacam a importância desta área, também sob o ponto
de vista biológico. A dupla e simultânea importância, ecológica e econômica
da baía
do Marajó, com prioridades média, alta e muito alta de conservação,
sugere que as estratégias de conservação da ictiofauna devem ser debatidas
junto aos pescadores e toda comunidade envolvida.
Praia do Ariramba - Ilha de Mosqueiro |
A Amazônia possui 23 espécies de camarões de água doce, sendo três as
mais exploradas comercialmente.
Contudo, a poluição, a pesca predatória e a destruição das áreas de reprodução
(manguezais) vêm diminuindo a quantidade e o tamanho dos camarões da região, comprometendo a rentabilidade dos pescadores
e o equilíbrio do próprio ecossistema.
(*) – Classificação de Veneza: Área de
rio com influência de marés oceânicas (salinidade < 0.5 – limnético) a
(salinidade entre 2 e 18 – mesoalina).
Extraído
e condensado de: ABORDAGEM
MULTICRITERIAL E INDICADORES ECOLÓGICOS E ECONOMICOS UTILIZADOS NA
IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA NO
ESTUÁRIO AMAZÔNICO, BRASIL.
KEILA
RENATA MOREIRA MOURÃO, UFPA, 2012.
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