Ilha de Mosqueiro na MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ
A “MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO
DO PARÁ” é um excelente texto sobre o processo de desenvolvimento da agricultura
no estado do Pará.
O estudo
em tela registra de forma contributiva a participação da Ilha de Mosqueiro, distrito do
município de Belém para o setor e as perspectivas no horizonte de política
econômica para o mesmo e para as experiências em curso em várias áreas da
agricultura paraense.
Para
os autores, diante do processo de desenvolvimento econômico do estado:
“ a
contribuição da agropecuária continua pequena, visto que suas exportações são
lideradas, com folga pelo segmento extrativo mineral e madeireiro. Assim a
agricultura deixa de dar importante contribuição na geração da riqueza e na
distribuição da renda para uma população em crescimento, e também na
preservação ambiental”.
O texto aqui
publicado é parte integral de “MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO
DO PARÁ” no que tange a uma experiência empreendedora na criação de patos *raça
Paysadú” na Ilha de Mosqueiro, Belém/PA.
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Ilha
de Mosqueiro na
MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO
DO PARÁ
A
necessidade de adubo orgânico para uso na cultura da pimenteira-do-reino fez surgir
uma incipiente avicultura para atender essa demanda. Sua racionalização
deveu-se ao Projeto Avicultura, da
SAGRI, que instalou uma central de incubação para fornecimento de pintos-de-um-dia, e uma
fábrica de ração em convênio com a
United States Agency for
International Development (USAID),
organismo norte-americano de promoção
ao desenvolvimento (SAGRI, 1974).
Esse
projeto venceu inicialmente a grande dúvida que pairava na implantação da avicultura na segunda metade dos anos 1960.
Esta dizia respeito ao aspecto sanitário, ou seja, a
possibilidade da produção de
frango de corte num clima quente e
úmido, condições propícias a
proliferação da doença crônica respiratória (DRC), sigla em inglês, quando
não havia vacina para preveni-la,
e da coccidiose quando o arsenal medicamentoso
para controlá-la era bem aquém do atual.
Sem
que os problemas sanitários – DCR e coccidiose –
inviabilizassem a implantação da
avicultura industrial no clima tropical úmido, o crescimento da nascente avicultura ocorreu em função da demanda da
região Metropolitana de Belém e do Nordeste paraense até então atendidas por
importações. Saturado estes mercados fazia- se necessário, políticas e ações
que possibilitasse a produção de componentes da ração no Estado, a
verticalização do setor a e conquista de novos mercados.
Uma ação
nesse sentido foi induzida pela SAGRI em 1994, ocasião em que coordenou
o Projeto Elo lançado em Altamira, no mês de outubro, numa parceria entre o Governo
do Estado, a Associação de Avicultura do Pará (APA) Banco do Brasil e Banco da
Amazônia, com o objetivo de produzir
milho nos solos eutróficos dos municípios da rodovia Transamazônica, que seria
comprado sob contrato pelos avicultores paraenses, coordenado pela APA. Este
programa além de beneficiar a avicultura, seria um incentivo a produção de
milho e soja, no estado.
Com
a mudança do Governo do Estado corrida em janeiro de 1995, o Projeto Elo não foi executado. Hoje a avicultura paraense
se mantém estacionada, e o município de Santa Isabel, seu polo irradiador,
contabiliza as perdas no seu crescimento econômico, enquanto o Estado perdeu a oportunidade de se
tronar um exportador de produtos avícolas
pautado em agroindústrias e uma forte cadeia produtiva. Corroborando com
essa situação, a baixa produção de milho
no estado contribui para inibir a expansão da avicultura.
Outro
evento importante para a avicultura paraense é a formação da raça de pato Paysandu. Trata-se de trabalho de pesquisa
desenvolvido por 15 anos, desde 1990, pelo
engenheiro agrônomo Rubens Rodrigues Lima e seu neto, o médico
veterinário Rubens Rodrigues Lima Neto,
em sua propriedade, fazenda Paysandu, na
ilha de Mosqueiro, município de Belém-PA.
O
trabalho consistiu no cruzamento de linhagens de pato regional com procedências
da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, hoje Universidade Rural da Amazônia, da Baixada Maranhense e da ilha do
Marajó. O resultado foi a raça de
pato regional Paysandu, com composição genética (graus de
sangue) de 5/8 e 3/8 respectivamente dos
ancestrais trabalhados. São disponibilizadas
três linhagens caracterizadas pelas
cores branca, cinza e preta que aos três meses de idade pesam 4,1Kg, 4,4kg, 4,6kg respectivamente. Também
integra a pesquisa o melhoramento dessas
linhagens para a produção de ovos com o objetivo de disponibilizá-los
para a reprodução dessas linhagens (Lima
& Lima Neto, 2006).
Após
todo esse nobre esforço para a obtenção desta raça de pato regional surge uma indagação. Porque o pato Paysandu não se
consolida no mercado local, enquanto o consumo crescente de pato, ave apreciada
pela culinária local, depende cada vez mais da importação, sobretudo de Santa
Catarina. Duas hipóteses são levantadas. A primeira diz respeito à falta de
apoio do Estado no fomento dessa iniciativa,
embora tenha sido procurado para
tal pelos responsáveis pela criação dessa
raça de pato. A segunda é quanto à
própria especificidade do mercado local ao concentrar o consumo do pato na festa
do Círio de N. S. de Nazaré o que dificulta a produção em escala, lavando-se em
consideração as condições econômicas e financeiras do produtor regional, e a
falta de uma cadeia de produção capaz de buscar mercados externos.
Na propriedade, que fica em
Mosqueiro, um distrito de Belém, são criados patos da raça paissandu, fruto de
vários cruzamentos, inclusive com patos selvagens.
“Ele tem a característica
de ter a carne bem escura e mais dura que o normal de marreco de pequim. O
paraense aceita só esse tipo carne”, disse o criador Rubens Rodrigues Lima
Neto.
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Fonte:
Francisco
Benedito da Costa Barbosa & Ítalo Claudio Falesi. MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO DO PARÁ. INSTITUTO DE
PESQUISA APLICADA EM DESENVOLVIMENECONÔMICO SUSTENTÁVEL – IPADES. BELÉM/PA,
2011 Disponível em: http://www.ipades.com.br/publicacoes/MODERNIZACAO-DA-AGRICULTURA-DESENVOLVIMENTO-DO-PARA.pdf.
Acesso em: 27 fev.2014.
Imagens:
Google