Instituto Mamirauá descobre duas espécies de peixes não documentadas no Brasil
Pyrrhulina zigzag e a Apistogrammoides
pucallpaensis foram encontradas na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Mamirauá, município de Maraã, no limite entre essa unidade de
conservação estadual e a Reserva Extrativista Auati-Paraná.
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Apistogrammoides pucallpaensis nunca havia sido encontrado no
Brasil
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Buscando
mapear a fauna em uma região ainda não estudada, pesquisadores do Instituto
Mamirauá descobriram duas espécies de peixes nunca documentadas no Brasil. A
Pyrrhulina zigzag e a Apistogrammoides pucallpaensis foram encontradas na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, município de Maraã, no limite
entre essa unidade de conservação estadual e a Reserva Extrativista
Auati-Paraná. Ambas são comuns no Rio Amazonas, porém na Amazônia peruana. As
espécies são caracterizadas pela beleza ornamental e o porte pequeno.
Os
pesquisadores do Instituto Mamirauá coletaram amostras em quatro expedições de
2013 realizadas em fevereiro, maio, agosto e novembro. "Esta é uma área
que estamos começando a estudar. Então, fizemos a coleta de peixes nos períodos
de seca, enchente, cheia e vazante. As duas espécies foram encontradas em todas
as expedições", comentou o técnico de pesquisa em ecologia e biologia de
peixes, Jonas Oliveira.
Os pesquisadores tiveram cinco
pontos dentro desta área para coletar os dados. Neste período, o
Apistogrammoides pucallpaensis foi encontrado apenas no Lago da Onça. Já
a espécie Pyrrhulina zigzag foi encontrada em vários pontos ao longo do Rio
Solimões, sempre na margem. Oliveira acredita que a vinda destes animais
para a Reserva Mamirauá se deve ao fato da área ser um habitat propício para as
espécies, principalmente ao Apistogrammoides pucallpaensis. "Eles estão em
uma área de várzea. O Apistogrammoides costuma ficar em área de lama que é a
mesma que temos aqui", explicou.
As
possibilidades para a mudança de ambiente desses peixes são inúmeras. Oliveira
acredita que "no período de cheia os peixes saem da área de lama atrás das
macrofitas, [plantas aquáticas comuns em brejos], os capins flutuantes. Na
cheia, as macrófítas se soltam do solo e descem o rio. Pode ser que estes
peixes tenham descido junto com estas macrófitas", elucidou.
Agora,
os pesquisadores do Instituto Mamirauá querem estudar a incidência destes
animais e descobrir o motivo do encontro das espécies no Rio Auati-Paraná, que
faz confluência com os Rios Japurá e Solimões. "Vamos fazer mais algumas
pesquisas, pois encontramos muitos exemplares. Precisamos fazer outras coletas
para saber se ela é residente dessa região, como foi que ela desceu, se ela
reside também acima do primeiro ponto que coletamos. Recolhemos, ainda, o ph,
temperatura, condutividade, oxigênio da água. Todos os parâmetros para
conseguirmos fazer um comparativo eficiente", argumentou a líder do Grupo
de Pesquisa Ecologia e Biologia de Peixes do Instituto Mamirauá, Danielle
Pedrociane.