Mobilidade nos rios do Amazonas
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Uma das medidas apontadas para viabilizar o transporte fluvial no Amazonas é investir na ampliação e adequação dos portos ) |
Especialistas afirmam que é possível implementar e viabilizar o
transporte público fluvial no Amazonas, com regulamentação da atividade e
subsídios para uma tarifa praticável
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Regulamentação da atividade,
investimentos de Estados e Municípios e subsídios para uma tarifa praticável
são algumas soluções apontadas para a implementação do transporte público
fluvial. De acordo com o superintendente de Navegação Interior da Agência Nacional
de Transportes Aquaviários (Antaq), Adalberto Tokarski, ela é possível sim e
algumas cidades do País já adotam o sistema, como Porto Alegre e Marabá, este
último ainda em estudo.
“Agora que o País acordou para a
questão da mobilidade urbana, é preciso inserir nas pautas de discussão a
questão do transporte fluvial urbano”. Segundo ele, ao crescer e desenvolver-se
“de costas para o rio que a margeia”, Manaus não foge à regra das demais
cidades com as mesmas características, mas é preciso se pensar urgente em como
integrar esse modal ao demais transportes públicos. “Ainda mais na Amazônia,
onde as vias são os rios”, disse. Dados da Antaq apontam que 80% dos rios
navegáveis do Brasil estão localizados na Amazônia.
Subsídio
Ele alerta para o fato de que não é
possível fazer transporte urbano se não houve subsídio, a exemplo do que
acontece com o metrô em grandes cidades como Brasília, Rio de Janeiro e São
Paulo, e com os ônibus, em todo o País. A medida é necessária para tornar a
tarifa praticável, uma vez que se ela tiver que reembolsar o custo do
empresário, ninguém vai usar. “É preciso investir também em terminais porque
hoje, principalmente em Manaus, mal tem onde o barco chegar”, completou.
Segundo ele não há por que não se
investir na navegação como transporte urbano, uma vez que trata-se de um modal
mais sustentável, com menor emissão de CO2, além de ser uma alternativa aos
engarrafamentos enfrentados hoje nas cidades.
Interior
Atualmente, 9 milhões de pessoas ao
ano utilizam embarcações como meio de transporte para se locomover na Amazônia,
segundo a Antaq. Os dados constam do estudo “Transporte Fluvial de Passageiros
na Amazônia”, feito pelo órgão em parceria com a Universidade Federal do Pará,
e que foi lançado em Manaus esta semana, durante audiência pública na
Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). No próximo dia 6, será lançado em
Porto Velho e, dia 19, em Belém. No dia 10 de outubro o ciclo será concluído
com o lançamento em Macapá.
Fiscalização não impede atuação de irregulares
Qualquer pessoa que quiser comprar um
barco e começar a transportar passageiros, hoje, pode fazê-lo. Não há nenhum
controle ou autorização que impeça o fato. A declaração é do
capitão-de-mar-guerra Paulo Cesar Machado, comandante da Capitania dos Portos
do Amazonas.
Ele aponta a falta de atuação da um
órgão regulador estadual, a exemplo do que acontece com os outros meios de
transporte, como o principal problema. “À Marinha, compete a fiscalização da
embarcação: questões de segurança, salva-guarda das pessoas, e de poluição do
meio ambiente”.
A situação de informalidade no setor
é tamanha, que a maior dificuldade encontrada hoje para a habilitação da
tripulação e do piloto, é a falta de escolaridade. “Muitos procuram a gente
para se regularizar, mas não têm escolaridade mínima para frequentar o curso.
São semi-analfabetos”, disse comandante da Capitania dos Portos. Além disso,
muitos não podem parar de trabalhar e o curso básico, de marinheiro fluvial,
dura aproximadamente três meses.