Projeto pretende identificar plantas da Amazônia a partir de informação no DNA
Essa é proposta do projeto “The DNA-mark”, uma iniciativa
do Centro de Biodiversidade Naturais da Holanda, em parceria com o Inpa
Coletar informação molecular (código genético no DNA) sobre
as espécies de árvores conhecidas hoje na Amazônia e produzir um banco
de dados que permita entender melhor as espécies. Isso significa melhor
definir, descrever e criar ferramentas para o conhecimento dessas espécies.
Essa é
proposta do projeto “The DNA-mark”, uma iniciativa do Centro de Biodiversidade
Naturais da Holanda, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/ MCTIC) e outras instituições com coleções da flora Amazônica,
da Colômbia, Europa e Estados Unidos.
O objetivo é obter informação
genômica de amostras de todas as espécies de árvores que ocorrem na Amazônia
presentes em museus e herbários ao redor do mundo. “O acúmulo de dados
moleculares ao longo do tempo irá exigir um refinamento contínuo, porque a
flora é, todavia, ainda incompletamente conhecida e muitas espécies ou são
conhecidas de poucas amostras ou tão pouco estudadas que suas definições são
frágeis”, explicou o pesquisador do Inpa, Alberto Vicentini, que coordena as
articulações dentro do Inpa.
Segundo o pesquisador, a
definição de uma espécie é feita pelos taxonomistas e sistematas, que precisam,
utilizando teoria evolutiva e dados, delimitar as espécies, ou seja, definir
quais as amostras nos herbários pertencem a mesma espécie. Os herbários são os
repositórios da informação sobre a diversidade conhecida hoje na Amazônia.
“Não é um processo fácil e
atualmente a maioria das espécies foi delimitada apenas usando dados
morfológicos. Dados genéticos (ou moleculares) trazem uma forte fonte de
evidência para desvendar a biodiversidade amazônica”, disse Vicentini.
O projeto propõe coletar apenas
três amostras por espécie e com isso gerar a base sobre a qual uma nova
taxonomia pode ser construída. É apenas o início de um processo.
Com o intuito de levar o projeto
adiante, representantes de instituições dos Estados Unidos, Europa, Colômbia e
Brasil se reuniram, na tarde da última quinta-feira (22), no Auditório da Casa
da Ciência do Inpa, para apresentar e articular a implementação do projeto.
Para
Vicentini, a ferramenta inovaria o conhecimento adquirido ao longo das últimas
três décadas. “A Amazônia, apesar da grande diversidade biológica, ainda é um
lugar onde o conhecimento sobre a biodiversidade é muito incipiente”, afirma o
pesquisador. “A iniciativa traz possibilidades de inovação tanto na forma como
o conhecimento é produzido, quanto na aceleração do processo”, acrescenta.
Segundo Vicentini, o projeto
permitirá que pequenas informações sejam subtraídas do genoma da planta. “De
uma forma relativamente rápida, será possível identificar plantas usando
técnicas de genética”, destaca.
O projeto “The DNA-mark”, segundo
o pesquisador Tom Gilbert, da Universidade de Copenhague, visa um sistema
interativo que reúna os resultados e modelos detalhados das espécies amazônicas
para toda comunidade científica.
Gilbert afirma que atualmente uma
das principais dificuldades que a comunidade cientifica enfrenta é o
conhecimento incompleto sobre o grande número de espécies amazônicas.
Para o pesquisador, o
conhecimento é fragmentado, pois muitos dos dados, quando não são descritos,
são mantidos entre um pequeno número de especialistas. O pesquisador garante
que o “The DNA-mark” promete eliminar essas barreiras ao fornecer o DNA de
todas as espécies na Amazônia. “Começando com as 10.000 espécies de árvores que
já se tem conhecimento”, diz.
No Brasil, as instituições
parceiras são: Inpa (Manaus/AM), Museu Goeldi (Belém/PA), Instituto Tecnológico
Vale (Vale do Rio Doce, Belém), Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC, em Brasília), Jardim Botânico (Rio de Janeiro/RJ) e os
demais herbários da Amazônia.
“É uma rede de instituições mundo
afora, afinal, esse não é o tipo de projeto de uma única e exclusiva
instituição ou grupo de pesquisa”, afirma Vicentini. “É um projeto que demanda
uma colaboração efetiva entre várias instituições e vários parceiros para que
funcione”, finaliza.
O projeto
do instituto holandês conta com a colaboração do Inpa e dos Museus de História
Natural da Dinamarca e do Reino Unido, além das principais coleções de
herbários nos países amazônicos como Peru, Colômbia, Equador entre outros.
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