PRINCIPAIS ESPÉCIES CAPTURADAS PELA FROTA PESQUEIRA DE MOSQUEIRO
A valorização dos saberes locais sobre
sistemas ecológicos vem se ampliando através de diversas áreas do conhecimento
científico, dentre estas a do uso e conservação dos recursos pesqueiros em
comunidades tradicionais, compostas de trabalhadores que possuem a arte da
pesca, apoiada nas inter-relações ambientais, subjacente aos saberes, as
decisões e práticas sobre o mundo da pesca.
Na Ilha do Mosqueiro, desde os
primórdios de sua ocupação por grupos nativos até os dias atuais, a pesca ainda
é uma significativa atividade responsável pelo abastecimento alimentar das
comunidades locais e dos visitantes. Na atualidade garante a ocupação e gera
renda a trabalhadores nativos e migrantes de outros municípios como Abaetetuba,
Cametá e do arquipélago marajoara, que ali se instalaram para desenvolver a
prática pesqueira.
Principal elemento dessa
comunidade, o pescador, se por um lado ainda está excluído das principais
decisões que envolvem seu trabalho e sua qualidade de vida, por outro lado
detém uma cultura, um rico e complexo conhecimento, de importância impar, na
garantia do abastecimento e segurança alimentar, fundamental para o manejo e
gestão dos recursos pesqueiros no estuário amazônico.
Em Mosqueiro, além da captura de
espécies de baixo valor comercial como o bagre, bacú, mapará, cangatá, uricica, mandii, acari, branquinha ou
caratipioca/ pitipioca, jacundá, jandiá, cará, ituí-roxo, carataí, matupiri,
timbiro ou pratchuira e cachorro-de-padre, outras conhecidas como “peixes do
salgado”, têm ocorrência tanto nas águas costeiras da ilha, como nos principais
rios, igarapés e furos que a recortam ou ainda nas áreas denominada de salgada,
quando da chamada “pescaria de baixo”, realizada no período de maior salinização
das águas locais, a partir da redução das precipitações (julho/dezembro). A
frota mosqueirense captura tainha, pratiqueira, enxova, cação, corvina,
uritinga, bandeirado, mero, camorim, cavala, gurijuba, peixe-serra, dentre
outras espécies.
Segundo a pesquisa,
diante da grande diversidade de espécies capturadas na Ilha de Mosqueiro,
revela-se características de sustentabilidade da atividade. Destacam-se 9 (nove) espécies, sendo que 19,25 % da participação,
refere-se ao conjunto de 14 outras espécies capturadas pela frota mosqueirense.
Os dados apontam para captura
em quase todas as áreas de pesca de três espécies principais: pescada
branca, dourada e piramutaba. No
Cajueiro representam respectivamente
16,7%; 23,3% e 20% das capturas. Destaca-se a presença do filhote (25%) na
Praia Grande, bacu (25%) no
Ariramba, camarão regional (25%), no Furo das Marinhas e (20%) no Carananduba.
Nas Ilhas, o mandii
representa 8,4 % e na Baia do Sol a pratiqueira com a mesma representação. Por
fim, os dados indicam que 19,25% representa uma vasta variedade de espécies de
capturadas, como arraia (raia), camarão da malásia (malasiano), jurupiranga
(jupiranga), mandubé, pescada amarela, pescada curuca, sarda, serra, siri (siri
azul), tainha, tucunaré, uricica, uritinga e xaréu.
Fonte: LEÃO, Pedro da Silva. ILHA DE MOSQUEIRO: Práticas
de Pesca Sustentável numa Comunidade Tradicional da Amazônia – Estudo de Caso.
2011.92 p. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Tecnologia em Gestão
Ambiental, Universidade Norte do Paraná, Belém-Pará, 2011. IN., http://mosqueirando.blogspot.com.br/
Imagens: Arquivo Mosqueiro Anbiental