Ilha de Mosqueiro: Tensores ambientais no Estuário Amazônico.
Os
tensores ou estressores ambientais podem ser descritos como qualquer fator
ambiental que retira energia de organismos, restringe o crescimento e a reprodução
deles, ou perturba o equilíbrio de um sistema mobilizando seus recursos e aumentando
seus gastos energéticos (ODUM, 1988).
Nos
ambientes aquáticos e seu entorno, muitos tensores ambientais têm se manifestado,
decorrentes da supressão das matas ciliares, da excessiva exposição do solo
associada a práticas agrícolas degradadoras, da introdução equivocada de
espécie animais e vegetais, do lançamento de esgotos e lixo nas águas dos rios,da
exploração inadequada de areia e argila, e em muitos casos, da falta de
planejamento e cuidados com a malha viária local, causando carreamento de
particulados para os leitos dos rios.
Estuários
apresentam características ambientais únicas que resultam em elevada
produtividade biológica. Esses ecossistemas desempenham papéis ecológicos
importantes, como exportadores de nutrientes e matéria orgânica para águas
costeiras adjacentes, habitats vitais para espécies de importância comercial,
além de gerarem bens e serviços para comunidades locais.
Assentamentos urbanos e o desenvolvimento
de atividades industriais, portuárias, pesqueiras, de exploração mineral,
turísticas, entre outras, sem planejamento adequado, vem colocando em risco os
atributos básicos dos estuários brasileiros e ecossistemas associados;
resultando na diminuição da qualidade de vida da população local.
Tensores de
origens antrópicas vêm pondo em risco os ambientes naturais e a vida no
Estuário Amazônico, sendo este considerado uma das regiões mais produtivas do
país, estimando-se que cerca de 40% da produção brasileira seja originária
desta área. Esta riqueza faz com que o local seja um grande pólo industrial de
exploração de recursos pesqueiros.
As ilhas próximas à cidade de
Belém como Combu, Onças, Mosqueiro e Outeiro, situam-se na área intermediária
do estuário amazônico, ou seja, uma área de transição entre a água doce (ao sul
da Baía de Guajará e à direita do Rio Guamá) e a água salgada (ao norte de
Belém na altura da cidade de Colares). Dentre os ambientes que a integram estão
os rios, igarapés, as florestas, a várzea, as baías, os campos alagados e as
praias das ilhas.
Face a sua localização no Estuário
Amazônico, a Ilha de Mosqueiro é influenciada ambientalmente pelo oceano
atlântico. A influência marítima do atlântico afeta as águas estuarina
(salinidade), sobretudo quanto ao estoque pesqueiro e a dinâmica do sistema
sustentável de pesca artesanal local.
Ao localizar-se no estuário
Amazônico, a Ilha de Mosqueiro nas últimas décadas, vem sofrendo influência e
recebendo impactos sócio-culturais e históricos de todas as ordens e em ritmo
acelerado no seu espaço de ocupação e produção, pela ação de diversos atores
sociais, pelo controle, uso e gestão de seus recursos naturais.
Na ausência de um plano de desenvolvimento
local sustentável (PDLS) para as ilhas de Mosqueiro e políticas de gestão ambientais
compartilhadas induzidas pela administração regional de Mosqueiro e em
parcerias com outros órgãos de gestão e fiscalização em outras esferas, garantindo
na forma da lei, uso, controle, promoção e gestão dos recursos ambientais,
potencializam-se e desenvolvem-se tensores antrópicos na ilha, sobretudo na
faixa litorânea e nos corpos d’águas que ali deságuam, trazendo fortes passivos
ambientais ao local e comprometendo direta e indiretamente a qualidade de vida
de sua população.
Baseado em literaturas da área cientifica
e em observação in loco na Ilha de Mosquero, apresentamos o quadro abaixo,
demonstrando os principais tensores, seus impactos e prejuízos.
Diante de sua dramática realidade, sobretudo sócioambiental, qual e como será o futuro desta comunidade tradiconal da Amazônia, a bucólica Ilha de Mosqueiro ?
Depende da responsabilidade de cada um... na vivência do presente e na construção de um futuro ambientalmente responsável para as gerações futuras! Moradores, visitantes e poder público, sobretudo da administação pública local!
REFERÊNCIAS:
Considerações
Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável da Atividade Portuária: uma
análise da interface porto-estuário. In.: www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/rct20art12.pdf
FIDELMAN, P.I.J. Impactos causados por tensores de
origem antrópica no sistema estuarino do rio Santana, Ilhéus, Bahia.
Procedimento
Administrativo N°. 1.23.000.002652/2007-11- MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria
da República no Pará.